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5.4: Retrocesso democrático

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    objetivos de aprendizagem

    Ao final desta seção, você poderá:

    • Avalie indicadores de retrocesso democrático

    Introdução

    O século XXI foi marcado pelo enfraquecimento das instituições democráticas em muitas democracias outrora robustas. Essa não é uma tendência nova. A história da democracia moderna está repleta de exemplos de países que adotaram a democracia representativa ou o republicanismo liberal, apenas para retornar a uma forma não democrática de governo. O retrocesso democrático ocorre quando um país se torna mais illiberal e antidemocrático com o tempo. Isso pode assumir a forma de enfraquecimento dos sistemas eleitorais e atenuação do estado de direito, repressão ou violação das liberdades civis e políticas e governança corrupta que goza de enfraquecer a responsabilidade. É importante ressaltar que o retrocesso democrático geralmente é gradual e prolongado, o que dificulta a identificação. Isso também apresenta desafios para aqueles que desejam impedir o retrocesso, porque às vezes há apenas mudanças menores ou sutis que podem não ser motivo de alarme para uma massa crítica de democratas em uma sociedade. Embora a mudança de regime da democracia para a não democracia possa acontecer por meio de eventos espetaculares e repentinos, como um golpe ou revolução, o retrocesso democrático é mais insidioso e impede aqueles que queiram se organizar para combatê-lo.

    Há muitas razões para o retrocesso democrático e, nesta seção, exploraremos três explicações principais: fatores institucionais, culturais e internacionais.

    Explicações institucionais

    Certas instituições tornam um país mais vulnerável ao regime não democrático. Os sistemas presidenciais são notoriamente instáveis (Linz, 1990). Eles tendem a centralizar o poder em um único indivíduo, e há menos mecanismos para impedir esse indivíduo de abuso de cargo. Em comparação com um sistema parlamentar, em que os executivos são nomeados pela legislatura e estão sujeitos a votos de não confiança, os presidentes são relativamente difíceis de demitir antes de concluírem seu mandato. Durante esse período, eles podem optar por abusar de seu poder ou degradar a democracia de maneiras significativas.

    Países que carecem de instituições fortes de responsabilidade, como judiciários independentes e agências independentes de combate à corrupção, também são mais suscetíveis ao retrocesso democrático. Quando os tribunais não controlam os que estão no poder, e há apenas um estado de direito fraco, então o abuso sério e flagrante de cargos públicos é mais provável. A corrupção significativa e generalizada — definida como uso indevido de recursos públicos para ganho privado — também pode degradar uma democracia, tanto na prática quanto na legitimidade desse regime. Agências anticorrupção robustas e com recursos suficientes ou inspetores gerais são um baluarte importante contra esse tipo de decadência interna.

    Outra grande instituição que pode ameaçar uma democracia é um exército com motivação política. Quando um militar está sujeito a uma supervisão civil fraca ou inadequada, ele pode se tornar um ator politizado e até mesmo assumir o controle, culminando em um regime militar não democrático. Construir um exército profissional focado em suas responsabilidades de segurança e na capacidade de prevalecer em operações militares complexas, em vez de ser tentado pelo poder político, é um desafio profundo e contínuo para muitos governos.

    Explicações culturais

    As crenças populares e da elite sobre a adequação do governo democrático podem moldar os resultados políticos. Quando existem fortes normas democráticas em vigor, isso assume uma qualidade autoperpetuadora na qual a sociedade apoia e reforça as práticas e instituições democráticas. No entanto, os “hábitos do coração” democráticos podem levar longos períodos de tempo para amadurecer e ganhar um status garantido em uma sociedade. A educação cívica pode desempenhar um papel nesse empreendimento, especialmente a educação que aborda valores liberais, como liberdade, justiça, representatividade e responsabilidade. Quando as pessoas em uma sociedade pensam criticamente sobre onde a autoridade e o poder devem estar em sua sociedade e acreditam que têm o poder de desafiar o governo não democrático, isso pode oferecer uma profunda proteção social contra o retrocesso democrático.

    Líderes carismáticos e autocráticos podem ganhar seguidores nacionais e levar a democracia à não-democracia. Esses líderes podem recorrer a uma variedade de táticas para conquistar seguidores em massa. Muitas dessas estratégias podem apelar para falhas ou vulnerabilidades culturais dentro de uma sociedade. Um aspirante a autocrata pode fazer apelos populistas às queixas do grupo e rotular um grupo externo como o culpado. Eles podem apelar para ambições nacionalistas ou explorar divisões étnicas. Eles podem se apresentar como mensageiros com uma mensagem sagrada. Eles podem oferecer promessas de retorno a um passado dourado ou futuro dourado. Esses líderes autocráticos assumem uma variedade de formas, mas um objetivo comum é a degradação das instituições democráticas a fim de consolidar o poder em formas não democráticas de governança.

    Um exemplo assustador dessa interação entre cultura e liderança política pode ser encontrado na dissolução da Iugoslávia durante a década de 1990. Nos primeiros anos das repúblicas que se formaram após o colapso da Iugoslávia comunista, um impetuoso nacionalista sérvio chamado Slobodan Milošević argumentou que uma Sérvia recém-independente deveria recuperar territórios antes ocupados pela nação sérvia. Seus apelos caíram em terreno nacionalista fértil, que se cruzou com falhas religiosas e étnicas nesses territórios eslavos. Milošević, que foi eleito presidente da Sérvia durante a década de 1990, foi um grande líder político e instigador durante uma brutal guerra civil que se seguiu entre ex-repúblicas da Iugoslávia. Ele acabou sendo indiciado por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio na Bósnia Herzegovina.

    Fatores internacionais

    Um país pode estar suscetível a retrocessos democráticos como resultado de fatores internacionais. Isso pode incluir “efeitos de vizinhança”: se um país reside em uma região onde os países têm tendências não democráticas, ou se há uma alta concentração regional de regimes não democráticos, é mais provável que ele se torne uma não-democracia. Por outro lado, um bairro pró-democracia, como a União Europeia, pode puxar os países na direção de abraçar a democracia.

    As pressões internacionais para que uma democracia retroceda podem ser realizadas por meios tecnológicos. As novas tecnologias de informação e comunicação incentivam os países a desafiar as restrições geográficas e alcançar os países-alvo para campanhas de influência salarial. Essas campanhas de influência servem para minar governos democráticos em todo o mundo por meio da disseminação de desinformação por meio de plataformas de mídia social e da Internet. Esse tipo de tática de poder afiada é um meio de desestabilizar as democracias semeando a divisão entre as populações e minando as instituições democráticas, como o livre fluxo de informações e a integridade eleitoral.